quinta-feira, 16 de junho de 2011

Piaget e o desenvolvimento...

Piaget estudou o desenvolvimento cognitivo da criança e, segundo este autor, a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo, por estádios ou etapas constantes e sequenciais.
Defende uma posição construtivista/interaccionista: as estruturas do pensamento são produto de uma construção contínua do sujeito que age e interage com o meio, tendo um papel activo no seu próprio desenvolvimento cognitivo.
A inteligência é perspectivada como uma adaptação do indivíduo e das suas estruturas cognitivas ao meio. Esta adaptação assegura o equilíbrio entre o indivíduo e o meio através de dois mecanismos: assimilação (sujeito incorpora os elementos do meio nas estruturas mentais já existentes) e acomodação (as estruturas mentais modificam-se em função das situações novas/novos dados que provêm do meio).
Sendo assim, Piaget atribui os seguintes estados ao desenvolvimento da criança:  

Estádio Sensório-Motor (dos 0 aos 18/24 meses):
  • Inteligência prática que se aplica à resolução de problemas concretos e que põe em jogo as percepções e o movimento – daí a designação de sensório-motor. 
  • Dos reflexos inatos à construção da imagem mental, anterior à linguagem; 
  • Coordenação de meios e fins;
  • Permanência do Objecto (8-12 meses) – a criança procura um objecto escondido, porque tem a noção de que o objecto continua a existir mesmo quando não o vê;
Estádio pré-operatório (dos 2 aos 7 anos):
  • Subestádio do pensamento pré-conceptual (2-4 anos):
  • Função simbólica – a criança passa a poder representar objectos ou acções por símbolos. Pode representar mentalmente objectos ou acções não presentes no campo perceptivo – imagem mental. 
  • Egocentrismo – a criança (autocentrada) pensa que o mundo foi criado só para si e não compreende outras perspectivas;
  • Pensamento mágico. 
  • Animismo – atribuição de emoções e pensamentos a objectos inanimados; 
  • Realismo – a realidade é construída pela criança sem objectividade (se sonhou que o lobo está no corredor, pode ter medo de sair do quarto); 
  • Finalismo – Dado o egocentrismo da criança as coisas têm como finalidade a própria criança (o monte é um declive para ela poder correr); 
  • Artificialismo – explicação de fenómenos naturais como se fossem produzidos pelos seres humanos (o Sol foi acesso por um fósforo gigante).
Subestádio do pensamento intuitivo (4-7 anos):
  • Baseado na percepção dos dados sensoriais. A criança responde à questão que lhe é colocada com base na aparência. 
  • O pensamento é irreversível 
  • A criança pode classificar e seriar objectos por aproximações sucessivas, embora sem um lógica de conjunto.
Estádio das operações concretas (dos 7 aos 11/12 anos):
  • Reversibilidade mental (capacidade do pensamento voltar ao ponto de partida); 
  • Pensamento lógico, acção sobre o real; 
  • Operações mentais: contar, classificar, seriar; 
  • Conservação da matéria sólida, líquida, peso, volume; 
  • Conceitos de tempo e de espaço globais e de velocidade.
Estádio das operações formais (dos 11/12 aos 15/16 anos):
  • Pensamento abstracto (as operações mentais não necessitam de apoiar-se no concreto para serem formuladas); 
  • Operações formais, acção sobre o possível; 
  • Raciocínio hipotético-dedutivo (o adolescente formula hipóteses e deduz conclusões; é capaz de resolver problemas a partir de enunciados verbais; 
  • Definição de conceitos e de valores; 
  • Egocentrismo cognitivo, que leva o adolescente a considerar que através do seu pensamento pode resolver todos os problemas e que as suas ideias são as mais correctas.

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