quinta-feira, 16 de junho de 2011

Erikson e o desenvolvimento...

Erikson critica Freud, porque ele não teve em conta, na sua concepção de desenvolvimento, as interacções entre o indivíduo e o meio. Por outro lado, enquanto Freud defendia que a energia que orientava o desenvolvimento era de natureza libidinal, Erikson enfatiza o processo de construção de identidade e a sua dimensão psicossocial.
Para Erikson, a energia que orienta o desenvolvimento é essencialmente de natureza psicossocial, pelo que valoriza as interacções entre a personalidade em transformação e o meio social.
Erikson propõe oito estádios psicossociais, perspectiva oito idades no desenvolvimento do ciclo de vida, desde o nascimento até à morte, tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais.
Em cada estádio, há um predomínio de uma tarefa, que assume a forma de um conflito, ou crise, (psicossocial) entre duas dimensões (uma positiva e uma negativa), induzido pela interacção entre as exigências da sociedade e as características do indivíduo.

Confiança versus Desconfiança (até aos 18 meses):
  • Este estádio é marcado pela relação que o bebé estabelece com a mãe: se é compensadora, o bebé sente-se seguro, manifestando uma atitude de confiança face ao mundo; se não é satisfatória desenvolve sentimentos que conduzem ao medo/desconfiança em relação aos outros. A virtude adquirida na resolução, positiva da crise confiança versus desconfiança é a esperança.
Autonomia versus Dúvida e Vergonha (18 meses-3 anos):
  • Se é encorajada a criança explora o mundo autonomamente; se é muito controlada pelos pais, sente dúvida (precisa da sua aprovação) e vergonha. A virtude adquirida é a força de vontade.
Iniciativa versus Culpa (3-6 anos):
  • A criança obtém prazer da realização de actividades por iniciativa própria, sente orgulho nas suas capacidades; se é muito punida, sente-se culpada por agir de acordo com os seus desejos; revela falta de espontaneidade e sente-se inibido. O núcleo significativo de relações estabelece-se com a família e a virtude própria deste estádio é a tenacidade.
Indústria versus Inferioridade (6-12 anos):
  • Na escola, a criança desenvolve aprendizagens (escolares, sociais…), que podem fazê-la sentir que é competente ou que é menos capaz que os colegas. Se prevalecer o fracasso na resolução da crise, a criança sente-se preguiçosa e evita entrar em competição; considera-se inferior e medíocre.
Identidade versus Difusão/Confusão (12-18/20 anos):
  • O adolescente procura saber quem é (construção da identidade) em que quer tornar-se; pode também ficar confuso face a tantas possibilidades, sem saber o que quer, como agir, que pessoa é (confusão de identidade e de papéis). Aquele que resolve a crise de forma positiva adquire a lealdade como virtude. Ser leal é ser fiel a si próprio à sua identidade.
Intimidade versus Isolamento (18/20-30 e tal anos):
  • O jovem adulto pode estabelecer relações de proximidade e partilha (amor e afiliação) com pessoas íntimas ou pode distanciar-se e fechar-se. Ou apresenta uma sexualidade enriquecedora e vínculos sociais abertos e estáveis ou isola-se e tem dificuldades em relacionar-se; as suas relações são inautênticas e instáveis.
Generatividade versus Estagnação (30 e tal – 60 e tal):
  • O conflito centra-se na expansão das potencialidades de adulto e na sua transmissão aos outros – gosta de colaborar com as novas gerações. Pode, por outro lado, tornar-se inactivo, se acha que não consegue ou que não tem nada de interessante para transmitir. Apresenta sinais de estagnação; é improdutivo e está apenas preocupado consigo próprio. A virtude inerente a este estádio é a produção.
Integridade versus Desespero (mais de 65 anos):
  • O indivíduo avalia a sua vida, podendo experimentar sentimentos de integridade ou de desespero; faz um balanço da sua vida: positivo ou negativo. A integridade resulta de uma avaliação positiva da sua existência; aceita a existência como algo de valioso e sente-se satisfeito com a vida. O desespero resulta de uma avaliação negativa da sua existência e da impossibilidade de a recomeçar; considera a vida como tempo perdido e que é impossível recuperar. O núcleo significativo de relações é representada pela humanidade e a virtude adquirida neste estádio é a sabedoria.

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